segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Take it all



Porque ela diz isto muito melhor do que eu. Porque é assim que me sinto quase todos os dias. Porque perder soa exactamente a isto.
I don’t wanna talk
About the things we’ve gone through
Though it’s hurting me
Now it’s history
I’ve played all my cards
And that’s what you’ve done too
Nothing more to say
No more ace to play

The winner takes it all
The loser standing small
Beside the victory
That’s her destiny

I was in your arms
Thinking I belonged there
I figured it made sense
Building me a fence
Building me a home
Thinking I’d be strong there
But I was a fool
Playing by the rules

The gods may throw a dice
Their minds as cold as ice
And someone way down here
Loses someone dear
The winner takes it all
The loser has to fall
It’s simple and it’s plain
Why should I complain.

But tell me does she kiss
Like I used to kiss you?
Does it feel the same
When she calls your name?
Somewhere deep inside
You must know I miss you
But what can I say
Rules must be obeyed

The judges will decide
The likes of me abide
Spectators of the show
Always staying low
The game is on again
A lover or a friend
A big thing or a small
The winner takes it all

I don’t wanna talk
If it makes you feel sad
And I understand
You’ve come to shake my hand
I apologize
If it makes you feel bad
Seeing me so tense
No self-confidence
But you see
The winner takes it all
The winner takes it all......

Das Coisas Com Tempo e Prazo

Há coisas que têm prazo de validade. As minhas relações, por exemplo e inevitavelmente.
E há coisas que têm tempo para acontecerem. Saramago é uma dessas coisas. Quando tinha 13/14 anos tentei o Memorial do Convento. Não passei da 10ª página, mais coisa menos coisa. Detestei de morte. Pus de lado. Não quis mais.
O "Caim" foi ofertório de Natal. E, para quem conhece Info-Excluida, sabe que nada agrada mais do que versões alternativas do livro mais impingido de sempre. E veio provar que há uma idade e um tempo para tudo. Há um tempo para se ler Saramago. E para se gostar. E, quase direi (quase porque ainda não acabei), se adorar.
Porque eu não sou quem era quando tinha 13 anos. Sou, inevitavelmente, mais cabra. Também, e inevitavelmente, mais sofrida. Mais magoada. Mais batida. Mais irónica (cínica?). Mais triste também. E talvez por tudo isso agora se possa ler um livro dele e gostar. Por tudo o que passou.

Talvez daqui a 5 anos possa tentar voltar a ler Henry Miller sem tentar saltar logo para as partes picantes. Poder lê-lo mesmo.

Dedicado à Diligentia. Sempre presente. Incluindo presentes futuros.
A culpa é obviamente minha e de alguma falha genética que há em mim.
Porque eu continuo a preocupar-me. Preocupo-me sempre. Se está bem, se chegará inteiro.
Ele, que nunca pergunta como estou. Ele, que nem desejou feliz natal. Ele, que nunca evitou magoar-me.
E eu preocupo-me. Porque quando dou, dou tudo. Se vou fazer, faço por inteiro. Se me levas, levas o pacote todo.
Quem me dera não ser assim. Quem me dera só te dar bocadinhos. Pedaços de mim, meramente alugados, coisas que não me possas tirar.
Mas quando dou, eu dou tudo. Falhas genéticas, educacionais, não sei. Mas é uma falha. E a única pessoa que se magoa sou eu.
É uma predisposição para cair em desgraça. Porque eu sabia, à partida, que era uma desgraça. E ainda assim meti-me nela de cabeça. Parva.
E aqui estou, a pensar nele a acelerar pela A1 e na possibilidade de se espetar contra algum lado, de coração estupidamente apertado. Apertado como ele nunca o teve.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Efeito boomerang

Bem sei que fui uma cabra. Não se julgue que o não sei: eu sei. Mas também sei que já tinha a fama, achei que o proveito me ia fazer sentir bem.
Pois, fez ricochete.
Considerando a altura do ano, é fácil de ver que não poderia passar impune. E a mim, tudo me acontece.
Quando as probabilidades são de 1 para 8 e me calha a mim, é sinal de que estou fadada para iman de desgraças. Que ninguém duvide: se tiver de acontecer, acontece a mim.
Ademais, nisto de desgraças kármicas, começa a roçar a probabilidade científica: quando melhor for a notícia que me derem, maior será a desgraça que lhe sucede.
Na semana que antecedeu aquilo que para sempre recordarei como o "Jantar da Queda", tinha sido brindada com um aumento do salário. E, na altura, eu bem previ: alguma desgraça me espera. E ela lá esteve, fatal como o destino.
Se tiver de acontecer, acontece a mim.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Não é que eu não tenha nada para fazer. Porque tenho. Bastante, até.
Acontece é que não é assim tanto que me ponha em estado de pânico.
Não é assim tanto que me faça esquecer que existem coisas melhores para fazer.
Não é assim tanto que me faça esquecer que não há ninguém com quem fazer coisas melhores.

O meu mal é não estar assoberbada de coisas para fazer. Porque, se estivesse, não pensava em merda.

Pequenas Directrizes Para Convivência Amena (PDPCA) - Parte II

Odeio, odeio de morte que me obriguem a repetir-me. Sinal de que não me estavam a ouvir, para começar. Sinal de que entra a 100 e sai a 200. Odeio.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Vamos lá esclarecer

Eu não faço trabalho doméstico.
Se fizer, é quando me der na real gana.
E, se fizer, será sempre o mínimo imprescindível.
Não faço. Ponto.

Não percebo porque é que ela não percebe isto. Não deveria ela amar-me incondicionalmente, com defeitos e tudo, e aprender a aceitar-me como eu sou?
Sim, eu sei, eu sou a cabra. Eu sou a mal disposta. A mal encarada. Aquela a quem todos devem e ninguém paga. A soturna. A enjoada. Eu sei isso tudo. Aliás, para além de tudo isso, também sou aquela que não faz nada em casa.
E não faço mesmo. Porque não quero. Porque fazê-lo deve ser uma decisão minha. E porque o resto do mundo espera que eu o faça.
Preciso mesmo da minha casa. Pode ser que a felicidade ande por lá.
Anatomia de Grey.
Temporada 6
Episódio 3.
Eu sou a Altman.
Patética.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Era uma vez uma moça que acordou com dor de dentes pela manhã. Sobrevive com uma overdose de ibuprofeno. Sai de casa e vai à luta (ou trabalhar).
A moça chega ao escritório e trabalha e trabalha e trabalha.
E espirra. E espirra. E espirra.
A moça constipou-se.
A moça anda por aí com o nariz todo ferido.
A moça atende telefones e espirra. Ao telefone.
O dia de trabalho acaba e a moça arruma todas as tralhas, veste o casacão, agarra na pastinha e na malinha, fecha tudo e segue o seu caminho.
A moça anda depressa porque não pode perder o autocarro (ou vai dar uma volta atroz por Chelas).
E zás, a correia da mala arrebenta. Todo o conteúdo da mala não se espalha pelo caminho porque a moça, apesar de se sentir velha, ainda tem os reflexos da juventude.
E lá vai a moça, a correr para apanhar o autocarro que já se vislumbra, com uma pastinha na mão e a mala transbordante ao colo.

Para que se veja que os meus azares não são todos profundos e existenciais. Até os azares merdolas, que eram perfeitamente evitáveis e desnecessários, me sucedem. Sem excepção. Existindo karma, mantenho-me à espera do dia em que a sorte virar. É que, tudo somado, julgo que vou ganhar o Euromilhões.
Onde adquirir botãozinho existencial com os dizeres "Eliminar"?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Fiquei velha antes de ter tempo de ser nova.
Nada me deixa mais deprimida do que passar feriados e fins de semana no jardim, a aturar gente de que não gosto, a ouvir conversas que não me interessam e a saber que não tenho outro sítio para ir.
Talvez se tivesse a minha casa. O meu canto. Um sítio onde ninguém me chateasse. Não sei se mudava alguma coisa, mas eu gosto de pensar que sim.
É melhor pensar que a culpa é de algum factor estranho a mim, e não culpa minha (e a voz dela a ressoar, a dizer que ainda morro sozinha).
Talvez se eu tentar mudar tudo.
Talvez se eu ocupar o tempo e o espaço com tanta coisa que não consiga pensar em nada (como quando se joga solitário para ocupar a cabeça com nada mais do que sequências matemáticas).
Talvez se eu encher todos estes vazios de coisas me consiga sentir mais inteira.
Para a merda com a fé na humanidade.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010


Uma moça desagua no Seixal e o que encontra por lá?

N a d a

Yup, nada. Sobe-se a rampinha do barco e acaba-se num ermo (vá, parque de estacionamento), vazio, à chuva.
Nota-se uma espécie de praça onde os autocarros devem dar o ar da sua graça. Moça agarra na sua pastinha e dirige-se com determinação à bela da paragem.
Chega lá e constata que autocarros só de meia em meia hora (e vais com sorte). Para além disso, para quem não conhece Seixal e seus adjacentes, a listagem das paragens não ajuda - é uma linha recta com o nome de seis a dez lugarejos. Pois, assim é difícil. Se eu soubesse onde fica Poiães no Seixal podia ser que ajudasse. Mas eu não sabia.
O que faz moça, agarrada à sua pastinha, à chuva? Mete o seu melhor sorriso e procura um gajo (tem de ser gajo, com gaja não funciona). Lá encontra o senhor da bilheteira dos barquinhos. Mostra os 32 dentes, faz ar de inocente, dá muito às pestanas e pergunta se lhe fazem o obséquio de indicar um autocarro para o tribunal. Senhor da bilheteira olha uma vez, olha outra vez com mais calma (momento para mostrar os 32 dentinhos outra vez), e indica os autocarros. Mostramos os 32 dentinhos e o senhor acrescenta "mas ainda anda uns 5 minutinhos".
Saímos e corremos para o primeiro autocarro que aparece (porra, então não, se é preciso esperar meia hora pelo próximo), mostramos os 32 dentinhos ao senhor motorista e inquirimos pelo tribunal. "Pois sim, mas anda 10 minutinhos". Ai a porra, ainda há bocado eram 5 minutinhos.
Estamos em pé, junto ao senhor motorista para ele não se esquecer de nos avisar da paragem certa, quando o autocarro pára. Pára. O senhor motorista solta uma asneira. Eu vejo a vida andar para trás. O senhor motorista diz outra asneira e aquilo anda para a frente.
Senhor motorista avisa, e eu saio para a chuva.
Seguimos o caminho indicado.
Ao longe, dois edifícios.
Na dúvida, ligamos ao melhor amigo e pedimos indicações. O melhor amigo dá-as. Très bien.
Seguimos.
Chegamos ao sítio indicado. Mas não pode ser aquilo. Aquilo lá é um palácio da justiça. Aquilo deve ser outra coisa qualquer.
Ligamos outra vez ao melhor amigo. Ele confirma. A moça duvida. Não pode ser aquela coisa. Chega mais perto.
E não é que está lá escrito na porta, em letras pequeninas (não vá alguém ver) "Palácio da Justiça do Seixal".
Realmente, saímos de Lisboa e estamos em mato grosso.

domingo, 28 de novembro de 2010

Constatações

Hoje constatei uma verdade que já me tinham ensinado há muito tempo e que eu tenho teimado em não ver: "querer é poder".
Hoje constatei que sou idiota, que tenho esperado por aquilo que não vem. Se fosse para vir, já cá estava.
Hoje constatei que, afinal de contas, quando ele quer, ele pode.
Ele é que, realmente, não quer.
Não sei como me fui meter em tamanha estupidez (daqui poder-se-ia concluir que sou simplesmente estupida).
Eu, que nunca antes lhe tinha achado piada.
Ele, que ainda me continua a mexer com os nervos.
Eu, que finalmente constato que o problema aqui não é o tempo nem o espaço: o problema é a falta de querer.
Porque hoje constatou-se que quando ele quer, ele pode.
Fartei-me.
Desisto.
Atiro a toalha.
Assim não há ponta por onde se pegue.
E eu não estou no ramo dos milagres.

Viu-se



Poder-se-ia dizer mais qualquer coisa, mas agora não me apetece
Desisto

(e só espero ter a capacidade de o fazer bem)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Eu lembro-me

30 anos.
Hoje farias 30 anos.
Às vezes acho que sou a única pessoa que ainda se lembra do teu aniversário.
Será que ainda estarias a viver cá em casa, a dormir do outro lado da porta? Ou terias arranjado uma casa só tua, uma metade só tua, um espaço só vosso? Terias celebrado o teu aniversário connosco?
Agora que penso nisso, nunca celebrei um aniversário teu. Nunca calhou. Nunca te dei uma prenda de anos. Nem de Natal. Nunca calhou.
Pensar que passaram 11 anos e para mim é como se tudo tivesse acontecido ontem. A tua mão na minha cabeça, a prometer que voltavas. O teu sorriso pelo vidro, porque sabias que voltavas.
Não voltaste.
Hoje fazias 30 anos.
Sei que sempre fui uma cabra para ti. Tinha ciúmes. Tinha ciúmes por seres sempre tão simpático, tão perfeito, tão meigo, tudo aquilo que todos diziam que eu devia ser. Devia ter sido melhor, devia ter-te mimado mais.
Será que sabias? Será que sabias que eras como um irmão? Será que as noites passadas a ouvir chover chegaram? Será que as manhãs ensonadas bastaram? Às vezes acho que não sabias. Então o coração aperta. Muito.
30 anos.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

É oficial


Os meus ex começaram a procriar.
Lá ia eu pelo facebook quando dei de caras com ele agarrado à petiz.
O mais interessante é que eu falo com ele ciclicamente. Se calhar é de mim, mas acho que quando alguém pergunta "Então, e novidades?", contribuir activamente para a natalidade do país constitui uma novidade.
Mas eu não devia ser digna de saber a novidade.
No entanto, ela aí está, espalhadinha no facebook. Ele e a petiz.
O mais espantoso nisto é constatar que eu fui a única baunilha da vida dele, a excepção à regra (já referi que a petiz é mulatinha?)
Antes que alguém comece a berrar que estou armada em racista, aviso já que não é isso que me faz espécie. O que me faz espécie é saber que toda a gente tem um "tipo". Sei lá, tipo louro, tipo moreno, tipo espadaúdo, tipo gordinho, tipo parvo... Um tipo. E eu não me insiro no tipo do meu ex. Eu sou baunilha.
O que já diz muito sobre a nossa relação. Estava condenada à partida. Eu não reunia os requisitos mínimos.
O que ainda me deixa mais atarantada é a constatação "os meus ex começaram a procriar". Um dia acordei e, estilo cogumelo, os meus ex tinham começado a procriar.
Eu, que adoro crianças. Eu, que se pudesse tinha 30.
Aqui, o que me aflige é saber que alguém que me é próximo, alguém que foi o meu mundo, alguém com quem partilhei sonhos, ideias, projectos, vá de começar a procriar.
É que eu não estou mesmo nada preparada para a procriação. Não tenho o gajo. Não tenho a casa. Não tenho a carreira. Não tenho o dinheiro para a chicco.
E o que aqui mais me custa é a constatação de que eu continuo a não estar preparada, mas o meu ex, aquele que dizia que ia ter uma cambada de putos comigo, já saltou 30 passos e anda com a petiz ao colo.
Como é possível defraudar assim as minhas legítimas expectativas???
Pondero seriamente em processá-lo.

domingo, 14 de novembro de 2010

Que nome dou às saudades daquilo que nunca tive?

Porque me fazes sentir mesmo um nojo


Isto está tão mal que aos fins de semana tenho saudades do escritório.
Porque estar lá é ter um objectivo, é ter sempre algo para fazer, é ter sempre algo em que pensar para não ter de pensar em merda.

E nada é mais deprimente do que passar 5 dias a aguardar pelo fim de semana e, quando lá chegamos, descobrirmos que não temos nada para fazer, ninguém com quem falar, nada que nos deixe feliz.

Deprimente.

Embrulhada

Meti-me numa embrulhada.
Toda a gente me avisou que era uma embrulhada. Mas eu não, que ideia, isto da fé na humanidade chega para tudo, a luz estará no fundo do túnel, tudo há-de acabar em bem.

Começo a sentir a minha paciência a escorrer fina.
A fé na humanidade a começar a abalar.
A luz a tremer.

Uma embrulhada. Daquelas. Imensas.

Não sei como vou sair desta. Bem, até sei. Saio desta quando a paciência findar, quando a fé na humanidade se espalhar ao comprido, quando a luz se apagar. Porque nessa altura digo que chega. Não seria a primeira vez.

Até lá, contemplo a embrulhada em que me meti, vou tentando alimentar a fé com pequenas manifestações de humanidade, vou tentando pagar a conta da luz.

Não sei quanto tempo vai durar. Mas eu não era eu se não tentasse.

Livra


Eu dava tudo para que desistissem de fazer de mim uma fada do lar.
Vêem-me na cozinha, a fazer um frete, e a primeira coisa que se lembram de me dizer é: "está uma mulherzinha".

Merda. Ninguém vê que isso é uma merda? Pelo vistos ser "uma mulherzinha" é estar na cozinha. Ser "uma mulherzinha" é parir 30 crianças, cuidar de uma casa e passar o dia na puta da cozinha.

Se ser "mulherzinha" é isto, dispenso, obrigadinha. Podem meter a "mulherzinha" pelo cu acima, que eu não quero.

Se a fuga fosse possível, já cá não estava.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A resposta é "sim"

E a prova está aqui:
"Coisa: toda a realidade figurativamente delimitada a que o Direito dispense um estatuto historicamente determinado para os seres inanimados".

Sim, eu decorei a definição de coisa by Menezes Cordeiro.

Não, não concordo, e não, em nada contribuiu para a minha felicidade.

(Saber que algures na mente ocupo bites com merdas destas deixa-me tão, tão doente)

Cheira-me que vou ser muito feliz aqui

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Visitas de estudo

Hoje fez-se incursão ao Palácio da Justiça.
Se calhar é por estar mais familiarizada, mas prefiro o Campus de Justiça. Para começar porque a arquitectura da coisa me apela mais à vista (o Palácio é um monstrengo cinzento onde uma pessoa se perde dentro), depois as coisas estão muito melhor explicadinhas. Para quem é novo nestas andanças, sabe sempre bem ter tudo esquematizado, sinalizado, enfim, "para dummy". Andei que nem uma miserável à procura da casa de banho e não a encontrei (é triste ter de conduzir uma audiência preliminar aflitinha).

Anyway, fomos apresentados um ao outro. Acho que é o início de uma amizade (não será paixão assalapada porque eu gosto mesmo é do Campus).



O que se comemorou




15 anos.
Fazes-me velha.

Um dia chego a casa e estás a comer uma flausina qualquer na minha cama. Espero nesse dia ter a mesma capacidade de espírito que o irmão do meu primeiro namorado teve. Espero estar à altura.

E fazes-me sentir tão velha. E orgulhosa. Porque aquilo que és hoje eu sei que também teve a minha colherzinha.

15 anos.
Porra.


O que se viu

Porque poucas coisas me deixam tão bem disposta como ir ao cinema. E fui com boa companhia. E gostei do filme (não foi como o último que se viu, que nem me dignei a pôr aqui, porque fez a minha companhia engasgar-se de tanto gozar, o que tanto me levou a gozar, and so on).


Ora, vamos lá, que quem não tem computador tem de vomitar as novidades todas de uma vez

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vontade nula

Eu bem sei que ando por aí a arrastar um ar de pirralha de 15 anos.
Mas quando a cabeça lateja como nunca, quando até falar e comer nos dói, perde-se a vontade de tudo.

Porque quando o despertador toca de manhã, o primeiro pensamento é: "Se não fizer nada de especial ao cabelo, posso dormir mais 10 minutos", "Se não me maquilhar posso dormir mais 5 minutos".

Como é que esta história acaba: ar de sono, calças de ganga e cabelo em desalinho no escritório.

(Como é que o Mamadu há-de confiar em mim neste estado?)

domingo, 31 de outubro de 2010

Fim de semana prolongado

Chove. Chove a potes.

Eu tinha preparado um fim de semana dedicado à chuva, sofá nestlé e kinder. Precisamente por esta ordem.

Acabei a fazer uma digressão pelos hospitais de S. José e Capuchos.

Nada, nada corre como eu quero.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

My Moment of Zen #2

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Um primor

Aquilo que particularmente me agrada no meu universo de segunda a sexta é o serviço público. Um primor. O que eu não dava para os substituir por autómatos.

É que do outro lado do balcão ou do fio telefónico está sempre lá alguém que:

1) Não gosta do que faz;
2) É incompetente;
3) Não faz ideia do que está a fazer;
4) É burro;
5) Tem a faca e o queijo na mão.

Como eu explico a toda a gente que me passa a soleira da porta naquele escritório, se me mandarem falar com o Sr. Juiz, eu garanto que conseguirei explicar a questão nos termos legais e garanto que posso explicar os trâmites que se seguirão.

Se me mandarem falar com a Secretaria do Tribunal, com a Conservatória (qualquer uma), com as Finanças, com a Segurança Social, aí garanto que vamos ficar na mesma, quiçá mais confusos.

Precisamente por isso não gosto de Administrativo, porque não gosto da Administração de um modo geral. Precisamente porque não lhe vejo nenhum cariz "administrativo", "gestor" ou parecido.

A Embaixada de Portugal em Islamabad está fechada há quase um ano. Tristemente, faz uma falta desgraçada. Perguntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros qual seria a competente. A primeira resposta (fascinante) foi Teerão. Sim, Teerão no Irão. Fechamos a Embaixada no Paquistão para mantermos a do Irão, porque é um sítio muito mais agradável, onde a qualidade de vida do Senhor Embaixador deve superar aos pontos a oferta do Paquistão. Pronto, lá se achou aquilo estranho, mas sim, se era a mais próxima e se é isso que a lei manda, seja.

A segunda resposta (ainda mais fascinante, convém estar sentado) é que a Embaixada de Espanha em Islamabad está a assegurar os interesses portugueses no território. Enfim, estamos tão miseráveis que fechámos a casa e agora pedimos batatinhas aos vizinhos.

Tenho, no entanto, para mim de que este não será o desfecho da novela. E porquê?
É Portugal, senhores!

Welcome!



Já dizia o meu amigo Ega que o que faltou neste país foi uma guerra civil. Como em Espanha, como nos Estados Unidos. Uma guerra civil que arrasasse tudo de cima a baixo, que mandasse borda fora todo o lastro para que pudéssemos começar de novo (à semelhança do que sucede com o computador: quando a bosta já sai pelas bordas, não basta passar o anti-virus - formatamos e começamos tudo de novo).

Adaptando do século XIX aos nossos tristes dias, que venha daí o FMI. Limpamos esta desgraça de uma ponta à outra, e pode ser que alguém nos ensine, ao fim e ao cabo, como é que se governa este país. Porque, em terras lusitanas, a malta não se governa nem se deixa governar.

Já vai sendo tempo de aprendermos a viver com o que temos. E o que temos é pouco. Num país onde o salário mínimo é de € 450,00 ninguém acredita que existam mais telemóveis do que pessoas. Mas há. E não nos contentamos com telemóveis de € 20,00. Queremos sempre o melhor, o topo de gama, a última novidade. Mas isso já é defeito cultural e o exemplo tem vindo sempre de cima: a frota automóvel do Governo enche-me os olhos de inveja e só pode aumentar as exportações da Alemanha.

Não gosto da ideia de me quererem obrigar a comer aquilo que me põem no prato. "Ah, e tal, mas temos mesmo de aprovar o Orçamento" é igual a quando a mãe diz "Ah, e tal, deves mesmo comer as ervilhas". Se os dois são merda, temos pena, mas eu não como disso. E está visto que o Passos Coelho também não.

Não sei se já viram isto, mas eu até me ia engasgando à hora do almoço, porque julgava que tinha trazido comigo uma leitura levezinha. Pronto, sim, já sabemos que destas coisas há em todo o lado. Mas andamos a gastar dinheiro onde ele não é preciso.

Eu não sei (nem tenho como saber), mas quase quase que punha as mãos no fogo em como o Sócrates e Companhia já prometeram o cu e dez tostões a meio mundo com a história do TGV. Eu até simpatizo com a ideia de o TGV ligar Lisboa a Madrid ou o Porto a Barcelona (sim, porque para Lisboa - Porto, com paragem em Coimbra, enfim, para isso há o alfa, não me gozem), mas quando tiver dinheirinho para ele. Quando não tiver gentinha na minha terra a ficar mais pobre a cada segundo. E o facto de eles baterem constantemente na mesma tecla, a mim, só me traz à ideia o episódio Freeport (também ele muito bonito e colorido e em águas de bacalhau).

Tudo isto, para dar as boas vindas aos Senhores do FMI. Sejam bem-vindos e, já que cá estão, façam o favor de nos explicarem muito bem explicadinho como é que esta coisa se gere (mas tem de ser devagarinho e com desenhos... andamos por cá há séculos e ainda não temos uma ideia muito clara).

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

fim do mundo em cuecas

Há dias em que aquele escritório parece pegar fogo.

Se o que a malta nova procura é stress, ataques e fim-do-mundo-em-cuecas, a advocacia é aquilo que procuram - pelo menos naquele escritório.

Raras as vezes em que ali estive francamente aborrecida. Múltiplas, variadas, em diferentes cores e tamanhos as vezes em que achei que a bomba de hidrogénio ia cair ali e então.

Hoje foi um dia bomba de hidrogénio. Com todos os nervos que daí advêm. Sim, porque o drama em si não é a bomba estoirar. O drama é o tempo que medeia entre o momento em que nos dizem que vai estoirar e o eventual estoiro (que pode ou não ocorrer, mas ainda assim o mal já estará feito).

BUM!

(sim, isto foi estupidamente infantil, mas apeteceu-me mesmo e ninguém lê estas tretas)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Nau Catrineta


Lá vem a nau Catrineta
Que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar.
Passava mais de ano e dia
Que iam na volta do mar
Já não tinham que comer,
Já não tinham que manjar.
Deitaram sola de molho
Para o outro dia jantar;
Mas a sola era tão rija
Que a não puderam tragar.
Deitaram sorte à ventura
Qual se havia de matar;
Logo foi cair a sorte
No capitão general.
-- Sobe, sobe, marujinho,
Àquele mastro real,
Vê se vês terras de Espanha,
As praias de Portugal.
"Não vejo terras de Espanha,
Nem praias de Portugal;
Vejo sete espadas nuas
Que estão para te matar".
-- Acima, acima gajeiro,
Acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal
"Avíçaras, capitão,
Meu capitão general!
Já vejo terra de Espanha,
Areias de Portugal.
Mais enxergo três meninas
Debaixo de um laranjal:
Uma sentada a coser,
Outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas .
Está no meio a chorar".
--Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar.
"A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar".
-- Dar-te-ei tanto dinheiro,
Que o não possas contar.
"Não quero o vosso dinheiro,
pois vos custou a ganhar!
-- Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual.
"Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar".
--Dar-te-ei a nau Catrineta
Para nela navegar.
"Não quero a nau Catrineta
Que a não sei governar".
-- Que queres tu, meu gajeiro,
Que alvíçaras te hei-de dar?
"Capitão, quero a tua alma
Para comigo a levar".
-- Renego de ti, demônio,
Que me estavas a atentar!
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.
Tomou-o um anjo nos braços,
Não o deixou afogar.
Deu um estouro o demônio,
Acalmaram vento e mar;
E à noite a nau Catrineta
Estava em terra a varar

Vergonha, vergonha

Sou eu a única pessoa que está a morrer de vergonha disto?

A imagem que passamos ao mundo é de que nos damos com gente desta laia.

"Estou muito contente por estar em Portugal. Estamos à procura de oportunidades em todo o mundo e viemos aqui a pedido do meu amigo José Sócrates, um bom homem. Num momento difícil para Portugal, viemos dar-lhe as duas mãos"

O que me faz sentir melhor é dizer que foi "a pedido do meu amigo José Sócrates". Espero que tenha ficado claro, clarinho que é o Sócrates o amigo, e não os portugueses (sinto uma vergonha, uma vergonha, que ninguém calcula).

domingo, 24 de outubro de 2010

Vvvvruuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmm!

Sinto-me mal por ter falado da "nobre engenharia alemã" em tom sarcástico.

É que os Porsches já me fizeram muito, muito feliz.



Aos Senhores da PC Clinic

Imagino que já estejam a estranhar eu ainda não ter ligado aos berros, aparecido à V. porta a arrancar cabelos e a espumar da boca. Realmente, é estranho, mas passo a explicar porquê:

- Ele há quem trabalhe (V. Exas. não serão o caso, que me mantêm a criança refém há mais de um mês), mas há quem o faça. Eu pertenço a essa corja. E não me posso dar ao luxo de passar duas horas a aguardar que V. Exas. atendam o telefone - sim, porque 5 minutos agarrada ao telefone, a ouvir o bip-bip irritante, não é tempo suficiente para que V. Exas. se dignem levantar o auscultador - acreditem, eu tentei. Mas mais do que 5 minutos não me é exequível: sei lá, há clientes para atender, peças para fazer, chamadas para realizar, enfim, trabalho (mas percebo que V. Exas., atento o exposto, tenham dificuldade em entender esse conceito para V. tão abstracto);

- Pois, o "mínimo de duas semanas" já se foi há muito tempo. Mas entretanto estamos a uma semana do fim do mês e, como é apanágio, a minha liquidez já roça o estado sólido. Rígido, diria mesmo. Pelo que não me posso dar ao luxo de aparecer à V. porta e armar um escarcéu - não vão V. Exas. ganhar vergonha na cara, apresentar-me a criança e exigir-me o dinheirinho.

Pois é, estou bem tramada com V. Exas.

E isto

E isto

Ando a sonhar com isto

Agarrava em ti e íamos comer castanhas para o Chiado.

Levavas-me pelo braço, toda enroladinha no meu sobretudo fantástico, àquela hora em que já é noite mas ainda sentimos que é dia, e íamos a aquecer as mãos com as castanhas embrulhadas em jornal.

Gostava que percebesses que a minha felicidade implica coisas assim tão pequenas, tão fáceis, que não te custavam nada.

Mas só era felicidade se tu chegasses lá sozinho.

LOL

A Senhora-Que-Manda-Em-Mim deu-me uma prenda de anos.

E eu derreti-me toda.

Tão foooofa!

Por falar em Orçamento de Estado

Gostava de deixar a minha colherzinha no meio deste assado:


Corrijam-me se estiver errada, mas nisto só vejo vantagens, que passo a enumerar:

1) Era um bom exemplo que se transmitia, a par do slogan "deixe o carro em casa". Aliás, até podiam acrescentar "faça como eles";
2) Era um incentivo às empresas de transportes de passageiros. Do género, "vamos lá dar o nosso melhor que o Primeiro-Ministro hoje apanha o 28 para S. Bento". Era bonito, tinha outro charme e até era um incentivo ao turismo (a foto no eléctrico com o Sócrates em pano de fundo a ler o Destak);
3) Estar-se-ia a recorrer ao serviço nacional, pois convém dizer que a frota automóvel do Governo mais parece um hino à nobre engenharia alemã (eles não põem o rabinho em meros fiat punto);
4) Poupávamos dinheirinho em gasolina, que está pela hora da morte;
5) Dávamos um brutal corte na função pública, ao livrarmo-nos daqueles motoristas todos - o Sr. da Carris serve perfeitamente;
6) Era uma medida ecológica, muito green, e o Sr. Al Gore podia continuar a dizer coisas bonitas sobre nós;
7) O trânsito na zona de S. Bento ficava muito menos caótico;
8) De certeza que os carteiristas iam diminuir, porque a PSP tende a estar presente onde estão os senhores do Governo (que o diga a malta da Graça, que desde que o Sr. Ministro deixou de o ser nunca mais tivemos direito ao Sr. Agente);
9) Não tinham desculpa para não comparecer às sessões plenárias, a não ser que o Metro parasse por motivos de ordem técnica;
10) Eu sentia-me muito melhor, por sentir solidariedade com a minha falta de veículo próprio.

Desperdício

Hoje gastei € 225,00 (com desconto incluído) nisto:



Uma coisa que nunca vi ficar bem a ninguém. A ninguém. O que mais me custou foi saber que podia ter agarrado naquele dinheiro e ter investido nisto:





Ou nisto:





Coisas que, obviamente, me haviam de ficar a matar (por oposição a fazer-me parecer uma pigmeia de luto).

Um desperdício de dinheiro.

Contrariedades

A vida está cheia de contrariedades, pequenos reveses, trambolhões inevitáveis.
É por isso que me enervo com as coisas pequenas, aquelas que podem ser manejáveis, as que não há desculpa para deixar passar.
E deixá-las passar não tem perdão possível.
As grandes crises existenciais, os dramas que implicam a conjugação de duas ou mais vontades, a eles concedo o melhor de mim, a mais fina paciência. Porque esses têm desculpa.
A vida tem demasiadas curvas para que eu encare de ânimo leve os erros insignificantes.
Esses, são imperdoáveis.

sábado, 16 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sim, fiz anos



E já lá vão duas dúzias! Foi um bom dia, a noite ainda foi melhor. Não vi o dia raiar, mais isso foi porque já é Inverno e o Senhor Sol é caprichoso.
Enfim, foi bom. Muito bom.
(Quando não se tem computador, estas coisas surgem tarde...)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010



Qualquer dia a minha paciência estoira. Sei isto porque noto que o nível já esteve mais longe do chão.

Eu pertenço àquele conjunto triste de gente que ladra muito e morde pouco, que é muito alarde e pouco feito. E, geralmente, vou fazendo isto dotada de uma paciência que raramente vê o fundo ao saco.

Honestamente, não me parece que seja um defeito assim tão grande. Há defeitos piores (o tipo que vende a mãe no ebay, a gaja que deu a filha a comer aos porcos, enfim, defeitos piorzitos de aturar).

É certo que não fui perguntar a opinião de terceiros. Vai-se a ver, e a comunidade em geral julga-me impaciente e de ferver em pouca água, o que, obviamente, continua a ser positivo à minha pessoa: sinal de que podia ser muito pior e que ando aqui a engolir mais sapos do que gostaria.

Anyway, isto tudo só para dizer que já sinto a luzinha vermelha a piscar. Já faltou mais para me saltar a tampa.

Caution.

domingo, 3 de outubro de 2010


Agora que um novo aniversário está aí à porta, há uma coisa que me preocupa, que vai roendo.
Há não muito tempo atrás, eu não conseguia comprar um par de meias sozinha. Não ia a um café sozinha. Não tinha em mim a capacidade de fazer nada sozinha.

Mas, lá está, o Homem é um animal de costumes (e, como de costume, é também um animal), e uma pessoa habitua-se a tudo. E habitua-se a desenrascar-se, a safar-se, a desenmerdar-se.

A hora do almoço é particularmente sofrível. A ideia de que meio mundo me está a ver a comer (o que é ridículo, as pessoas têm mais que fazer), é-me algo tormentosa e nunca soube contorná-la.
Agora, no entanto, dou por mim a comprar bilhetes para filmes que vejo sozinha: pipocas para um, filme para um. Agora, dou por mim a pedir a tigela de sopa sozinha, enquanto faço as palavras cruzadas do metro (que, por sinal, são sempre iguais).

Seria de pensar que estou crescida, que aprendi a fazer estas coisas todas sozinha.

Atormenta-me, no entanto, a ideia de me ter habituado.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ressabiada



Eu bem sei que ninguém me fez mal nenhum. Ninguém me deve coisa nenhuma.
Mas ando assim, fazer o quê?
Uma vontade insana de disparar mísseis teleguiados, de te esfrangalhar com as minhas mãozinhas, de te torcer o pescoço até fazer "crac".
Além disso, há dias em que quero fazer isto a toda a gente. A mínima pergunta provoca em mim instintos assassinos e o lado mais negro em mim.
Uma vontade louca de iniciar um genocídio não discriminatório: vão todos a eito. Sim, porque posso ter muitos defeitos, mas não olho a credos, religiões, raças ou géneros. Há dias em que os matava a todos.
O meu momento Hitler. A minha hora estalinista. E não haveria telefone vermelho capaz de safar o planeta da minha ira. Iam todos, todos, todos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vá, porque às vezes também há boas notícias

"Isto é da diligência de 2ª feira? Parabéns!! Correu muito bem!!!"

Afinal, os 5 anos não foram dinheiro deitado ao ar.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Livro de Reclamações


Veio o meu melhor amigo, cheio de razão, queixar-se de que eu sou uma chata deprimente e deprimida (ele usou palavras mais bonitas, mas era aqui que queria chegar).

Porque sempre tive a sua opinião em grande conta, aqui fica o mais alegre que encontrei:


Aos Senhores da Rodoviária de Lisboa

Exmos. Senhores,

Daqui fala uma humilde utente ocasional (graças a Deus na parte do ocasional).
Depois de uma tarde a gozar a oferta que V. Exas. fazem na carreira 301 para Loures, sou a salientar os seguintes pontos, que em muito motivaram a minha atenção:

1) O miserável do utente vê chegar um veículo de 30 em 30 minutos. Faça chuva ou faça sol. Seja ou não hora de ponta. (Não soubesse eu melhor e quase julgaria que apenas dois veículos se dedicam ao percurso Oriente-Loures, Loures-Oriente);
2) Quando já a concorrência equipou toda a sua frota com veículos movidos a biodiesel e de piso rebaixado, o miserável do vosso utente não consegue beber água de uma garrafa sem ficar ensopado dentro do 301;
3) Assaz engraçaditos aqueles cortinadozitos que baloiçam nas janelas que não abrem. Como se fossem eles a impedir o miseravelzito do utentezito de ter uma desidrataçãozita.

Por último, de louvar o Sr. Funcionário Motorista, assaz prestável, que não se esqueceu de gritar "Ó menina, o Tribunal é na próxima". Aqui, sim senhor, estão a ganhar à concorrência (mas eu julgo que os senhores funcionários compensam em atenção e préstimo porque já sabem o que a vossa casa gasta).

domingo, 26 de setembro de 2010

Momentaneamente

Não tenho aspirações a uma felicidade perene e inimutável (sou mais inteligente que isso).

Acho que ela está em momentos:

Dois corpos cansados, ainda enlaçados.
Chocolate no sofá em noites de chuva.
Café com o nosso melhor amigo.
Um beijo quando só queremos chorar.
Abrir os olhos de manhã, sem nenhum despertar, só porque o corpo decidiu que era hora.

O que importa é que a percentagem de momentos destes seja superior aos demais. E, de há uns tempos para cá, estes momentos rareiam.