terça-feira, 30 de novembro de 2010


Uma moça desagua no Seixal e o que encontra por lá?

N a d a

Yup, nada. Sobe-se a rampinha do barco e acaba-se num ermo (vá, parque de estacionamento), vazio, à chuva.
Nota-se uma espécie de praça onde os autocarros devem dar o ar da sua graça. Moça agarra na sua pastinha e dirige-se com determinação à bela da paragem.
Chega lá e constata que autocarros só de meia em meia hora (e vais com sorte). Para além disso, para quem não conhece Seixal e seus adjacentes, a listagem das paragens não ajuda - é uma linha recta com o nome de seis a dez lugarejos. Pois, assim é difícil. Se eu soubesse onde fica Poiães no Seixal podia ser que ajudasse. Mas eu não sabia.
O que faz moça, agarrada à sua pastinha, à chuva? Mete o seu melhor sorriso e procura um gajo (tem de ser gajo, com gaja não funciona). Lá encontra o senhor da bilheteira dos barquinhos. Mostra os 32 dentes, faz ar de inocente, dá muito às pestanas e pergunta se lhe fazem o obséquio de indicar um autocarro para o tribunal. Senhor da bilheteira olha uma vez, olha outra vez com mais calma (momento para mostrar os 32 dentinhos outra vez), e indica os autocarros. Mostramos os 32 dentinhos e o senhor acrescenta "mas ainda anda uns 5 minutinhos".
Saímos e corremos para o primeiro autocarro que aparece (porra, então não, se é preciso esperar meia hora pelo próximo), mostramos os 32 dentinhos ao senhor motorista e inquirimos pelo tribunal. "Pois sim, mas anda 10 minutinhos". Ai a porra, ainda há bocado eram 5 minutinhos.
Estamos em pé, junto ao senhor motorista para ele não se esquecer de nos avisar da paragem certa, quando o autocarro pára. Pára. O senhor motorista solta uma asneira. Eu vejo a vida andar para trás. O senhor motorista diz outra asneira e aquilo anda para a frente.
Senhor motorista avisa, e eu saio para a chuva.
Seguimos o caminho indicado.
Ao longe, dois edifícios.
Na dúvida, ligamos ao melhor amigo e pedimos indicações. O melhor amigo dá-as. Très bien.
Seguimos.
Chegamos ao sítio indicado. Mas não pode ser aquilo. Aquilo lá é um palácio da justiça. Aquilo deve ser outra coisa qualquer.
Ligamos outra vez ao melhor amigo. Ele confirma. A moça duvida. Não pode ser aquela coisa. Chega mais perto.
E não é que está lá escrito na porta, em letras pequeninas (não vá alguém ver) "Palácio da Justiça do Seixal".
Realmente, saímos de Lisboa e estamos em mato grosso.

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