quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Um primor

Aquilo que particularmente me agrada no meu universo de segunda a sexta é o serviço público. Um primor. O que eu não dava para os substituir por autómatos.

É que do outro lado do balcão ou do fio telefónico está sempre lá alguém que:

1) Não gosta do que faz;
2) É incompetente;
3) Não faz ideia do que está a fazer;
4) É burro;
5) Tem a faca e o queijo na mão.

Como eu explico a toda a gente que me passa a soleira da porta naquele escritório, se me mandarem falar com o Sr. Juiz, eu garanto que conseguirei explicar a questão nos termos legais e garanto que posso explicar os trâmites que se seguirão.

Se me mandarem falar com a Secretaria do Tribunal, com a Conservatória (qualquer uma), com as Finanças, com a Segurança Social, aí garanto que vamos ficar na mesma, quiçá mais confusos.

Precisamente por isso não gosto de Administrativo, porque não gosto da Administração de um modo geral. Precisamente porque não lhe vejo nenhum cariz "administrativo", "gestor" ou parecido.

A Embaixada de Portugal em Islamabad está fechada há quase um ano. Tristemente, faz uma falta desgraçada. Perguntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros qual seria a competente. A primeira resposta (fascinante) foi Teerão. Sim, Teerão no Irão. Fechamos a Embaixada no Paquistão para mantermos a do Irão, porque é um sítio muito mais agradável, onde a qualidade de vida do Senhor Embaixador deve superar aos pontos a oferta do Paquistão. Pronto, lá se achou aquilo estranho, mas sim, se era a mais próxima e se é isso que a lei manda, seja.

A segunda resposta (ainda mais fascinante, convém estar sentado) é que a Embaixada de Espanha em Islamabad está a assegurar os interesses portugueses no território. Enfim, estamos tão miseráveis que fechámos a casa e agora pedimos batatinhas aos vizinhos.

Tenho, no entanto, para mim de que este não será o desfecho da novela. E porquê?
É Portugal, senhores!

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