quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Era uma vez uma moça que acordou com dor de dentes pela manhã. Sobrevive com uma overdose de ibuprofeno. Sai de casa e vai à luta (ou trabalhar).
A moça chega ao escritório e trabalha e trabalha e trabalha.
E espirra. E espirra. E espirra.
A moça constipou-se.
A moça anda por aí com o nariz todo ferido.
A moça atende telefones e espirra. Ao telefone.
O dia de trabalho acaba e a moça arruma todas as tralhas, veste o casacão, agarra na pastinha e na malinha, fecha tudo e segue o seu caminho.
A moça anda depressa porque não pode perder o autocarro (ou vai dar uma volta atroz por Chelas).
E zás, a correia da mala arrebenta. Todo o conteúdo da mala não se espalha pelo caminho porque a moça, apesar de se sentir velha, ainda tem os reflexos da juventude.
E lá vai a moça, a correr para apanhar o autocarro que já se vislumbra, com uma pastinha na mão e a mala transbordante ao colo.

Para que se veja que os meus azares não são todos profundos e existenciais. Até os azares merdolas, que eram perfeitamente evitáveis e desnecessários, me sucedem. Sem excepção. Existindo karma, mantenho-me à espera do dia em que a sorte virar. É que, tudo somado, julgo que vou ganhar o Euromilhões.

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