domingo, 31 de outubro de 2010

Fim de semana prolongado

Chove. Chove a potes.

Eu tinha preparado um fim de semana dedicado à chuva, sofá nestlé e kinder. Precisamente por esta ordem.

Acabei a fazer uma digressão pelos hospitais de S. José e Capuchos.

Nada, nada corre como eu quero.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

My Moment of Zen #2

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Um primor

Aquilo que particularmente me agrada no meu universo de segunda a sexta é o serviço público. Um primor. O que eu não dava para os substituir por autómatos.

É que do outro lado do balcão ou do fio telefónico está sempre lá alguém que:

1) Não gosta do que faz;
2) É incompetente;
3) Não faz ideia do que está a fazer;
4) É burro;
5) Tem a faca e o queijo na mão.

Como eu explico a toda a gente que me passa a soleira da porta naquele escritório, se me mandarem falar com o Sr. Juiz, eu garanto que conseguirei explicar a questão nos termos legais e garanto que posso explicar os trâmites que se seguirão.

Se me mandarem falar com a Secretaria do Tribunal, com a Conservatória (qualquer uma), com as Finanças, com a Segurança Social, aí garanto que vamos ficar na mesma, quiçá mais confusos.

Precisamente por isso não gosto de Administrativo, porque não gosto da Administração de um modo geral. Precisamente porque não lhe vejo nenhum cariz "administrativo", "gestor" ou parecido.

A Embaixada de Portugal em Islamabad está fechada há quase um ano. Tristemente, faz uma falta desgraçada. Perguntou-se ao Ministério dos Negócios Estrangeiros qual seria a competente. A primeira resposta (fascinante) foi Teerão. Sim, Teerão no Irão. Fechamos a Embaixada no Paquistão para mantermos a do Irão, porque é um sítio muito mais agradável, onde a qualidade de vida do Senhor Embaixador deve superar aos pontos a oferta do Paquistão. Pronto, lá se achou aquilo estranho, mas sim, se era a mais próxima e se é isso que a lei manda, seja.

A segunda resposta (ainda mais fascinante, convém estar sentado) é que a Embaixada de Espanha em Islamabad está a assegurar os interesses portugueses no território. Enfim, estamos tão miseráveis que fechámos a casa e agora pedimos batatinhas aos vizinhos.

Tenho, no entanto, para mim de que este não será o desfecho da novela. E porquê?
É Portugal, senhores!

Welcome!



Já dizia o meu amigo Ega que o que faltou neste país foi uma guerra civil. Como em Espanha, como nos Estados Unidos. Uma guerra civil que arrasasse tudo de cima a baixo, que mandasse borda fora todo o lastro para que pudéssemos começar de novo (à semelhança do que sucede com o computador: quando a bosta já sai pelas bordas, não basta passar o anti-virus - formatamos e começamos tudo de novo).

Adaptando do século XIX aos nossos tristes dias, que venha daí o FMI. Limpamos esta desgraça de uma ponta à outra, e pode ser que alguém nos ensine, ao fim e ao cabo, como é que se governa este país. Porque, em terras lusitanas, a malta não se governa nem se deixa governar.

Já vai sendo tempo de aprendermos a viver com o que temos. E o que temos é pouco. Num país onde o salário mínimo é de € 450,00 ninguém acredita que existam mais telemóveis do que pessoas. Mas há. E não nos contentamos com telemóveis de € 20,00. Queremos sempre o melhor, o topo de gama, a última novidade. Mas isso já é defeito cultural e o exemplo tem vindo sempre de cima: a frota automóvel do Governo enche-me os olhos de inveja e só pode aumentar as exportações da Alemanha.

Não gosto da ideia de me quererem obrigar a comer aquilo que me põem no prato. "Ah, e tal, mas temos mesmo de aprovar o Orçamento" é igual a quando a mãe diz "Ah, e tal, deves mesmo comer as ervilhas". Se os dois são merda, temos pena, mas eu não como disso. E está visto que o Passos Coelho também não.

Não sei se já viram isto, mas eu até me ia engasgando à hora do almoço, porque julgava que tinha trazido comigo uma leitura levezinha. Pronto, sim, já sabemos que destas coisas há em todo o lado. Mas andamos a gastar dinheiro onde ele não é preciso.

Eu não sei (nem tenho como saber), mas quase quase que punha as mãos no fogo em como o Sócrates e Companhia já prometeram o cu e dez tostões a meio mundo com a história do TGV. Eu até simpatizo com a ideia de o TGV ligar Lisboa a Madrid ou o Porto a Barcelona (sim, porque para Lisboa - Porto, com paragem em Coimbra, enfim, para isso há o alfa, não me gozem), mas quando tiver dinheirinho para ele. Quando não tiver gentinha na minha terra a ficar mais pobre a cada segundo. E o facto de eles baterem constantemente na mesma tecla, a mim, só me traz à ideia o episódio Freeport (também ele muito bonito e colorido e em águas de bacalhau).

Tudo isto, para dar as boas vindas aos Senhores do FMI. Sejam bem-vindos e, já que cá estão, façam o favor de nos explicarem muito bem explicadinho como é que esta coisa se gere (mas tem de ser devagarinho e com desenhos... andamos por cá há séculos e ainda não temos uma ideia muito clara).

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

fim do mundo em cuecas

Há dias em que aquele escritório parece pegar fogo.

Se o que a malta nova procura é stress, ataques e fim-do-mundo-em-cuecas, a advocacia é aquilo que procuram - pelo menos naquele escritório.

Raras as vezes em que ali estive francamente aborrecida. Múltiplas, variadas, em diferentes cores e tamanhos as vezes em que achei que a bomba de hidrogénio ia cair ali e então.

Hoje foi um dia bomba de hidrogénio. Com todos os nervos que daí advêm. Sim, porque o drama em si não é a bomba estoirar. O drama é o tempo que medeia entre o momento em que nos dizem que vai estoirar e o eventual estoiro (que pode ou não ocorrer, mas ainda assim o mal já estará feito).

BUM!

(sim, isto foi estupidamente infantil, mas apeteceu-me mesmo e ninguém lê estas tretas)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Nau Catrineta


Lá vem a nau Catrineta
Que tem muito que contar!
Ouvide, agora, senhores,
Uma história de pasmar.
Passava mais de ano e dia
Que iam na volta do mar
Já não tinham que comer,
Já não tinham que manjar.
Deitaram sola de molho
Para o outro dia jantar;
Mas a sola era tão rija
Que a não puderam tragar.
Deitaram sorte à ventura
Qual se havia de matar;
Logo foi cair a sorte
No capitão general.
-- Sobe, sobe, marujinho,
Àquele mastro real,
Vê se vês terras de Espanha,
As praias de Portugal.
"Não vejo terras de Espanha,
Nem praias de Portugal;
Vejo sete espadas nuas
Que estão para te matar".
-- Acima, acima gajeiro,
Acima ao tope real!
Olha se enxergas Espanha,
Areias de Portugal
"Avíçaras, capitão,
Meu capitão general!
Já vejo terra de Espanha,
Areias de Portugal.
Mais enxergo três meninas
Debaixo de um laranjal:
Uma sentada a coser,
Outra na roca a fiar,
A mais formosa de todas .
Está no meio a chorar".
--Todas três são minhas filhas,
Oh! quem mas dera abraçar!
A mais formosa de todas
Contigo a hei-de casar.
"A vossa filha não quero,
Que vos custou a criar".
-- Dar-te-ei tanto dinheiro,
Que o não possas contar.
"Não quero o vosso dinheiro,
pois vos custou a ganhar!
-- Dou-te o meu cavalo branco,
Que nunca houve outro igual.
"Guardai o vosso cavalo,
Que vos custou a ensinar".
--Dar-te-ei a nau Catrineta
Para nela navegar.
"Não quero a nau Catrineta
Que a não sei governar".
-- Que queres tu, meu gajeiro,
Que alvíçaras te hei-de dar?
"Capitão, quero a tua alma
Para comigo a levar".
-- Renego de ti, demônio,
Que me estavas a atentar!
A minha alma é só de Deus,
O corpo dou eu ao mar.
Tomou-o um anjo nos braços,
Não o deixou afogar.
Deu um estouro o demônio,
Acalmaram vento e mar;
E à noite a nau Catrineta
Estava em terra a varar

Vergonha, vergonha

Sou eu a única pessoa que está a morrer de vergonha disto?

A imagem que passamos ao mundo é de que nos damos com gente desta laia.

"Estou muito contente por estar em Portugal. Estamos à procura de oportunidades em todo o mundo e viemos aqui a pedido do meu amigo José Sócrates, um bom homem. Num momento difícil para Portugal, viemos dar-lhe as duas mãos"

O que me faz sentir melhor é dizer que foi "a pedido do meu amigo José Sócrates". Espero que tenha ficado claro, clarinho que é o Sócrates o amigo, e não os portugueses (sinto uma vergonha, uma vergonha, que ninguém calcula).

domingo, 24 de outubro de 2010

Vvvvruuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmm!

Sinto-me mal por ter falado da "nobre engenharia alemã" em tom sarcástico.

É que os Porsches já me fizeram muito, muito feliz.



Aos Senhores da PC Clinic

Imagino que já estejam a estranhar eu ainda não ter ligado aos berros, aparecido à V. porta a arrancar cabelos e a espumar da boca. Realmente, é estranho, mas passo a explicar porquê:

- Ele há quem trabalhe (V. Exas. não serão o caso, que me mantêm a criança refém há mais de um mês), mas há quem o faça. Eu pertenço a essa corja. E não me posso dar ao luxo de passar duas horas a aguardar que V. Exas. atendam o telefone - sim, porque 5 minutos agarrada ao telefone, a ouvir o bip-bip irritante, não é tempo suficiente para que V. Exas. se dignem levantar o auscultador - acreditem, eu tentei. Mas mais do que 5 minutos não me é exequível: sei lá, há clientes para atender, peças para fazer, chamadas para realizar, enfim, trabalho (mas percebo que V. Exas., atento o exposto, tenham dificuldade em entender esse conceito para V. tão abstracto);

- Pois, o "mínimo de duas semanas" já se foi há muito tempo. Mas entretanto estamos a uma semana do fim do mês e, como é apanágio, a minha liquidez já roça o estado sólido. Rígido, diria mesmo. Pelo que não me posso dar ao luxo de aparecer à V. porta e armar um escarcéu - não vão V. Exas. ganhar vergonha na cara, apresentar-me a criança e exigir-me o dinheirinho.

Pois é, estou bem tramada com V. Exas.

E isto

E isto

Ando a sonhar com isto

Agarrava em ti e íamos comer castanhas para o Chiado.

Levavas-me pelo braço, toda enroladinha no meu sobretudo fantástico, àquela hora em que já é noite mas ainda sentimos que é dia, e íamos a aquecer as mãos com as castanhas embrulhadas em jornal.

Gostava que percebesses que a minha felicidade implica coisas assim tão pequenas, tão fáceis, que não te custavam nada.

Mas só era felicidade se tu chegasses lá sozinho.

LOL

A Senhora-Que-Manda-Em-Mim deu-me uma prenda de anos.

E eu derreti-me toda.

Tão foooofa!

Por falar em Orçamento de Estado

Gostava de deixar a minha colherzinha no meio deste assado:


Corrijam-me se estiver errada, mas nisto só vejo vantagens, que passo a enumerar:

1) Era um bom exemplo que se transmitia, a par do slogan "deixe o carro em casa". Aliás, até podiam acrescentar "faça como eles";
2) Era um incentivo às empresas de transportes de passageiros. Do género, "vamos lá dar o nosso melhor que o Primeiro-Ministro hoje apanha o 28 para S. Bento". Era bonito, tinha outro charme e até era um incentivo ao turismo (a foto no eléctrico com o Sócrates em pano de fundo a ler o Destak);
3) Estar-se-ia a recorrer ao serviço nacional, pois convém dizer que a frota automóvel do Governo mais parece um hino à nobre engenharia alemã (eles não põem o rabinho em meros fiat punto);
4) Poupávamos dinheirinho em gasolina, que está pela hora da morte;
5) Dávamos um brutal corte na função pública, ao livrarmo-nos daqueles motoristas todos - o Sr. da Carris serve perfeitamente;
6) Era uma medida ecológica, muito green, e o Sr. Al Gore podia continuar a dizer coisas bonitas sobre nós;
7) O trânsito na zona de S. Bento ficava muito menos caótico;
8) De certeza que os carteiristas iam diminuir, porque a PSP tende a estar presente onde estão os senhores do Governo (que o diga a malta da Graça, que desde que o Sr. Ministro deixou de o ser nunca mais tivemos direito ao Sr. Agente);
9) Não tinham desculpa para não comparecer às sessões plenárias, a não ser que o Metro parasse por motivos de ordem técnica;
10) Eu sentia-me muito melhor, por sentir solidariedade com a minha falta de veículo próprio.

Desperdício

Hoje gastei € 225,00 (com desconto incluído) nisto:



Uma coisa que nunca vi ficar bem a ninguém. A ninguém. O que mais me custou foi saber que podia ter agarrado naquele dinheiro e ter investido nisto:





Ou nisto:





Coisas que, obviamente, me haviam de ficar a matar (por oposição a fazer-me parecer uma pigmeia de luto).

Um desperdício de dinheiro.

Contrariedades

A vida está cheia de contrariedades, pequenos reveses, trambolhões inevitáveis.
É por isso que me enervo com as coisas pequenas, aquelas que podem ser manejáveis, as que não há desculpa para deixar passar.
E deixá-las passar não tem perdão possível.
As grandes crises existenciais, os dramas que implicam a conjugação de duas ou mais vontades, a eles concedo o melhor de mim, a mais fina paciência. Porque esses têm desculpa.
A vida tem demasiadas curvas para que eu encare de ânimo leve os erros insignificantes.
Esses, são imperdoáveis.

sábado, 16 de outubro de 2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sim, fiz anos



E já lá vão duas dúzias! Foi um bom dia, a noite ainda foi melhor. Não vi o dia raiar, mais isso foi porque já é Inverno e o Senhor Sol é caprichoso.
Enfim, foi bom. Muito bom.
(Quando não se tem computador, estas coisas surgem tarde...)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010



Qualquer dia a minha paciência estoira. Sei isto porque noto que o nível já esteve mais longe do chão.

Eu pertenço àquele conjunto triste de gente que ladra muito e morde pouco, que é muito alarde e pouco feito. E, geralmente, vou fazendo isto dotada de uma paciência que raramente vê o fundo ao saco.

Honestamente, não me parece que seja um defeito assim tão grande. Há defeitos piores (o tipo que vende a mãe no ebay, a gaja que deu a filha a comer aos porcos, enfim, defeitos piorzitos de aturar).

É certo que não fui perguntar a opinião de terceiros. Vai-se a ver, e a comunidade em geral julga-me impaciente e de ferver em pouca água, o que, obviamente, continua a ser positivo à minha pessoa: sinal de que podia ser muito pior e que ando aqui a engolir mais sapos do que gostaria.

Anyway, isto tudo só para dizer que já sinto a luzinha vermelha a piscar. Já faltou mais para me saltar a tampa.

Caution.

domingo, 3 de outubro de 2010


Agora que um novo aniversário está aí à porta, há uma coisa que me preocupa, que vai roendo.
Há não muito tempo atrás, eu não conseguia comprar um par de meias sozinha. Não ia a um café sozinha. Não tinha em mim a capacidade de fazer nada sozinha.

Mas, lá está, o Homem é um animal de costumes (e, como de costume, é também um animal), e uma pessoa habitua-se a tudo. E habitua-se a desenrascar-se, a safar-se, a desenmerdar-se.

A hora do almoço é particularmente sofrível. A ideia de que meio mundo me está a ver a comer (o que é ridículo, as pessoas têm mais que fazer), é-me algo tormentosa e nunca soube contorná-la.
Agora, no entanto, dou por mim a comprar bilhetes para filmes que vejo sozinha: pipocas para um, filme para um. Agora, dou por mim a pedir a tigela de sopa sozinha, enquanto faço as palavras cruzadas do metro (que, por sinal, são sempre iguais).

Seria de pensar que estou crescida, que aprendi a fazer estas coisas todas sozinha.

Atormenta-me, no entanto, a ideia de me ter habituado.

sábado, 2 de outubro de 2010

Ressabiada



Eu bem sei que ninguém me fez mal nenhum. Ninguém me deve coisa nenhuma.
Mas ando assim, fazer o quê?
Uma vontade insana de disparar mísseis teleguiados, de te esfrangalhar com as minhas mãozinhas, de te torcer o pescoço até fazer "crac".
Além disso, há dias em que quero fazer isto a toda a gente. A mínima pergunta provoca em mim instintos assassinos e o lado mais negro em mim.
Uma vontade louca de iniciar um genocídio não discriminatório: vão todos a eito. Sim, porque posso ter muitos defeitos, mas não olho a credos, religiões, raças ou géneros. Há dias em que os matava a todos.
O meu momento Hitler. A minha hora estalinista. E não haveria telefone vermelho capaz de safar o planeta da minha ira. Iam todos, todos, todos.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Vá, porque às vezes também há boas notícias

"Isto é da diligência de 2ª feira? Parabéns!! Correu muito bem!!!"

Afinal, os 5 anos não foram dinheiro deitado ao ar.