domingo, 16 de junho de 2013

E de repente a Terra parou de girar no seu eixo.

Toda a minha infância passou à frente dos meus olhos. Porque tu foste sempre a personagem principal da minha infância. Descer a Rua da Voz do Operário a correr, com a mochila a bater no rabo, guinar à direita pela Rua de São Vicente, com a avó a correr atrás de mim, a dizer que estás à minha espera. E estavas sempre à minha espera. Ovo Kinder no Inverno e Perna de Pau no Verão. A barba que picava. Os teus amigos que se metiam comigo e a quem eu depois mordia. A minha infância toda parece que desapareceu esta semana. Desapareceu contigo.

Umas mãos gigantes prontas para me agarrar sempre. Costas largas para me carregar para todo o lado. Um carinho imenso nuns olhos que brilhavam sempre que me viam. Um orgulho desmedido até nas coisas mais pequenas.

Nos últimos tempos era estranho olhar para ti porque estavas tão pequeno. Ao meus olhos sempre foste enorme, mãos gigantes, costas largas. E nos últimos tempos, de repente, tão frágil, tão magro, quase do mesmo tamanho que eu. E isso foi tão estranho. Tudo continua a ser tão estranho.

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