De há uns tempos para cá tenho-me dedicado à nobre arte da reflexão.
Reflicto enquanto lavo os dentes, nos transportes, e antes de dormir (a hora do almoço é para as palavras cruzadas, o resto é para peças processuais).
E chego a conclusões (ou meras conjecturas resultado de teorias mais ou menos parvas).
Recentemente conclui que os homens, apesar de repetidamente se queixarem a respeito, gostam - e até apreciam - aquelas gajas que fazem o beicinho, e amuam, e não lhes dirigem a palavra dois dias seguidos, e os deixam a pensar no que terão feito de errado para, depois, concluírem que em nada erraram.
Tristemente, eu nunca pertenci a esse grupo de gajas. Desde sempre. Julgo, até, que com o tempo até me fui tornando mais melosa (isto dos corações partidos fazem-nos sempre ficar de pé a trás).
Eu nunca amuei, nunca armei fita. Se algo desagrada, magoa ou pode ser alvo de melhoria, eu informo, eu educo (que nunca ele se queixe de falta de interpelação para o cumprimento).
Sempre tratei os meus homens como gente crescida. Infelizmente, conclui-se que não há homens: há meninos. Temos pena, mas até algum me provar o contrário, sou forçada a crer que vocês gostam, apreciam e louvam o drama, a fita, o amuo, a crise de choradeira pública ocasional.
Desgraçadamente, não tenho feitio para. Contam-se pelos dedos de uma mão os meus episódios de derrame lacrimal para espectadores. Rareiam as vezes em que armei fita no meio da rua, dei meia volta e deixei alguém plantado. Não me ocorre nenhum episódio em que publicitasse as ofensas de que pudesse achar-me vítima.
No entanto, 2 da manhã, cheiinha de vontade, e completamente sozinha. E, ainda mais estranhamente, o que não faltam por aí são Barbies que armam escandaleiras porque "já devias saber daquilo que gosto" ou "outra não era a tua obrigação". Coisas que, se fosse comigo, não admitia nem ao Brad Pitt.
Gostava, sinceramente, que alguém me instruísse a este respeito. Alguma coisa estou, certamente, a fazer mal.
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